Alerta

Praia do Cassino concentra maioria das lesões por água-viva do litoral sul

Até o momento, 177 acidentes ocorreram no local; especialistas trazem orientações para lidar adequadamente com possíveis acidentes

Foto: Divulgação - DP - Chrysaora lactea é a espécie mais comum em Santa Catarina e no Uruguai

O início da alta temporada nas praias do Rio Grande do Sul desperta a atenção para um animal já conhecido dos veranistas: as águas-vivas. No último verão, foram mais de 85 mil lesões por água-viva no Estado. Até o último boletim, de quinta-feira (28), apenas no litoral sul, 200 acidentes já foram registrados, sendo 88,5% deles na Praia do Cassino. Em todo o RS, 2,4 mil pessoas já buscaram atendimento por conta disso.

Apesar da já comprovada alta incidência destes animais no litoral sul, ainda não é possível afirmar que o número de águas-vivas tem crescido na região, conforme explica o biólogo e professor do Instituto de Oceanologia da Universidade Federal do Rio Grande (IO/Furg), Renato Nagata. "A gente ainda trata como um aumento aparente, não podemos afirmar categoricamente que o problema está aumentando porque não temos dados históricos das últimas décadas", comenta. No Instituto são conduzidos continuamente diversos estudos, monitoramentos e pesquisas sobre o comportamento destes animais e sua relação com o meio ambiente.

Mudanças climáticas e a diminuição de predadores naturais, como tartarugas e alguns peixes, podem estar relacionados ao maior aparecimento deles. No RS, a presença das águas-vivas também é explicada por questões ambientais. "O período de ocorrência das águas-vivas coincide com o veraneio. Essa é uma das explicações para termos, no nosso Estado, números tão acentuados de acidentes. Aqui temos condições, principalmente de temperatura e disponibilidade de alimento, que favorecem o aparecimento de águas-vivas nessa época do ano", observa.

O que fazer?

O comandante da Companhia Especial de Guarda-Vidas - litoral sul, o capitão Marcelo Saouaya, informou ao Diário Popular o protocolo necessário caso haja contato com águas-vivas. "Não se deve passar urina no local, nem esfregar a região e nem ficar exposto ao sol. É recomendável primeiramente lavar com a própria água do mar e depois vinagre", reforça. Em caso de lesões, é recomendado procurar a guarita do Corpo de Bombeiros Militar mais próxima, onde os profissionais irão avaliar o grau e intensidade da queimadura e adotarão os procedimentos cabíveis. Em bit.ly/agua-viva-furg, é possível buscar mais informações sobre o tema no material elaborado pelo Instituto de Oceanologia da Furg.

Números

No verão de 2022/2023, o pico de acidentes com águas-vivas foi registrado no dia 23 de janeiro, quando cerca de duas mil pessoas buscaram atendimento no Cassino. Este ano, até o boletim do dia 27 de dezembro, 177 casos já ocorreram. O número, no entanto, pode ser ainda maior por conta da subnotificação de casos. O Rio Grande do Sul é, atualmente, o estado que mais registra acidentes desse tipo no País. Um estudo da Furg, em parceria com a Universidade São Paulo (USP), estima que entre 2017 e 2019 tenham sido pelo menos 250 mil lesões por água-viva no litoral gaúcho.

Conheça as principais espécies

Apesar do grande número de acidentes, a maior parte das mães d'água encalhadas no litoral gaúcho são inofensivas. Confira, a seguir, algumas das principais espécies que podem causar lesões:

Olindias sambaquiensis: A principal causadora de acidentes no RS. Deixa dolorosas marcas vermelhas. Complicações como alergias são raras. Possui inúmeros tentáculos finos alaranjados ou lilases saindo de sua borda.

Toxicidade: intoxicações moderadas

Abundância: frequente no verão

Caravela portuguesa: Possui um flutuador roxo-azulado com formato de bexiga e tentáculos muito longos. É mais comum no nordeste e sudeste, porém há grandes encalhes no verão em praias gaúchas. Lesões causam linhas vermelhas bem características.

Toxicidade: Intoxicações podem ser graves

Abundância: Rara, porém encalhes massivos podem ocorrer

Tamoya haplonema: Formato de um copo alongado. A espécie é facilmente reconhecida por ter apenas quatro tentáculos tentáculos grossos. É mais comum no nordeste e sudeste, onde pode causar envenenamentos mais sérios.

Toxicidade: Intoxicações podem ser graves

Abundância: Rara

Chrysaora lactea: É mais comum em Santa Catarina e no Uruguai, mas ocorre eventualmente no RS. Pode ter coloração diversa, rosada, roxa, leitosa ou com polígonos vermelhos. Possui longos e finos tentáculos saindo de sua borda.

Toxicidade: Intoxicações leves a moderadas

Abundância: Comum no início do verão

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